domingo, 20 de janeiro de 2013

HORÁRIO PARA O INÍCIO DO SÁBADO com J. N. Andrews




HORÁRIO PARA O INÍCIO DO SÁBADO
 J. N. Andrews

Artigo publicado na Review and Herald, em 04/12/1855, em Battle Creek


Para determinar essa questão, é evidente que muito peso deve ser atrelado à maneira na qual o criador regulou o começo do dia na criação. Pelo mesmo tempo no qual o primeiro dia começou, também deve ele terminar, e onde o primeiro dia começou e acabou, deve ser assim também com o segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto e sétimo dia. E onde os dias da primeira semana começaram e terminaram, assim também os dias de todas as semanas subsequentes começam e terminam. Dessa forma, a importância de se determinar, o mais perto possível, o tempo no qual o dia começou na semana da criação.



Como devemos entender a palavra “dia” no primeiro capítulo de Gênesis? Eu respondo que ela é usada com dois significados. Primeiro, é usada por Deus para dar nome à luz, em distinção das trevas, que foi chamada noite. Em outras palavras, ela é aplicada à parte de 24 horas que é luz. Segundo, é usada para nomear a sétima parte da semana, ou o período inteiro de 24 horas. O verso 5 de Gênesis apresenta exemplos onde ela é usada em cada um desses sentidos. “E Deus chamou à luz dia e às trevas Ele chamou noite: e a tarde e a manhã o primeiro dia”. É com a segunda definição no uso da palavra dia que estamos agora interessados. Mas aqui alguns irão se opor a nós negando que a palavra dia seja usada para designar um período de 24 horas, ou, em outras palavras, que a noite está sempre nas Escrituras incluída no dia. É apropriado que esse ponto seja brevemente observado. É dito em Êxodo 20:11 que “em seis dias fez o Senhor o céu e a terra”. Isso estabelece o fato de que os seis dias começam com o ato da criação, ou, para usar uma expressão diferente, o primeiro dia da semana começou com o ato de Deus em formar o Céu e a terra. Havia profunda escuridão até depois que o Espírito de Deus se moveu sobre as águas. O próximo ato do Senhor foi a criação da luz. Então, tendo dividido a luz das trevas, Ele designou a luz como dia e as trevas como noite. Isso demonstra que a noite foi a primeira divisão do primeiro dia e, consequentemente, se a ordem divina fosse seguida, a primeira divisão de todos os dias seguintes.



Para que a força desse argumento apareça, apresentamos os primeiros cinco versos de Gênesis:

“No princípio criou Deus os Céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sob a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre as águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde a manhã o dia primeiro.”



O Dr. Olarke, em sua nota sobre Mateus 28:1, afirma que, em hebraico, a mesma palavra significa tanto tarde como noite. Ele cita Gênesis 1:5 como um exemplo para o seu uso nessa forma. Assim, parece que a expressão “E foi a tarde e a manhã o dia primeiro” é o mesmo como se dissesse “a noite e a manhã o dia primeiro”. Isso é um fato muito importante, pois prova claramente que a noite é computada, não apenas como uma parte do dia de 24 horas, mas como uma forma da sua divisão. Lembremo-nos que a palavra aqui usada para dia significa um dos sete períodos que perfazem a semana. É digno de nota que cada um dos dias sobre os quais Deus trabalhou na criação é representado como constituído da mesma grande divisão como a do primeiro dia.



No verso 8 temos: “E chamou Deus à expansão Céus. E foi a tarde e a manhã o dia segundo.”

No verso 13 temos: “E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.”

No verso 19 temos: “E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.”

No verso 23: “E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.” No verso 31: “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.”





Também deve ser notado que mesmo os 2300 dias são assim constituídos. Eles são 2300 dias literais, simbolizados em 2300 anos. A nota de rodapé, a qual dá a palavra hebraica original, chama cada um desses dias “noite manhã”.



A lei de Moisés é um testemunho direto sobre um ponto que está diante de nós. Ou em vez disso, poderia se dizer para determinar de uma forma autoritária, o fato de que a noite é uma parte do dia, e que o dia começa com a noite.Leviticos23:32. “Sábado de descanso vos será, e afligireis as vossas almas; desde a tardinha do dia nono do mês até a outra tarde, guardareis o vosso sábado.” Este texto define o décimo dia do sétimo mês, e assim fazendo, também define os outros dias do mês, e como consequência, todos os outros meses. O texto nos diz que o dia décimo começa com a noite, no fechamento do nono dia, e ele (o décimo dia) se estende até o próximo pôr-do-sol. Ninguém pode anular este testemunho. De acordo com esse fato, lemos que os judeus, na tarde do dia da preparação, quiseram que fossem quebradas as pernas dos que estavam crucificados, a fim de que eles não permanecessem sobre a cruz no sábado. João 19:31. E também que quando Jesus foi tirado da cruz, no tarde daquele dia, “o sábado se aproximava”. Lucas 23:54. Diz-se também em João 19:41 e 42: “ No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto. Ali, pois, por ser a véspera do sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a Jesus.” A ideia é, evidentemente, que eles enterraram nosso Senhor num sepulcro que estava ao alcance da mão, a fim de que pudessem terminar Seu sepultamento no dia da preparação e antes do início do sábado.



Além do exposto, não deve ser impróprio apresentar vários exemplos em que a noite é contada como uma parte do dia, ou como incluída no dia. Chamamos a atenção para o seguinte: 1 Samuel 26:7, 8. “Foram, pois, Davi e Abisai de noite ao povo; e eis que Saul estava deitado, dormindo dentro do acampamento, e a sua lança estava pregada na terra à sua cabeceira; e Abner e o povo estavam deitados ao redor dele. Então disse Abisai a Davi: Deus te entregou hoje nas mãos o teu inimigo; deixa-me, pois, agora encravá-lo na terra, com a lança, de um só golpe; não o ferirei segunda vez.” Aqui a noite é certamente incluída no dia. O mesmo fato irá aparecer em Êxodo 12:41 e42. "E aconteceu que, ao fim de quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito. Esta é uma noite que se deve guardar ao Senhor, porque os tirou da terra do Egito; esta é a noite do Senhor, que deve ser guardada por todos os filhos de Israel através das suas gerações.” Apresentamos também as palavras do anjo, endereçadas aos pastores de Belém, em Lucas 2:8-11: “Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho. E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor. O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo: É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Nessas palavras o anjo certamente reconhece a noite como parte do dia. Por fim, apresentamos as palavras do Senhor Jesus, em Marcos 14:30. "Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.” Também em Lucas 22:34: "Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.” Com essas palavras de nosso Senhor, o argumento de que os dias da semana começam com a noite e que neles estão incluídas as 24 horas, pode agora ser apropriadamente encerrado. Permanece ainda a ser observadas uma ou duas objeções para as quais já têm sido apresentadas provas.



Tem sido contestado que o dia, de acordo com Mateus 28:1, começa ao amanhecer. Ele diz o seguinte: “No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.” Mas uma inferência extraída deste texto não pode ser suficiente para destruir o testemunho direto já apresentado - que o dia começa com a noite. Mas voltando-se para João 20:1, veremos que essa inferência é inadmissível: “No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.” Esse texto declara plenamente que aqueles que foram ao sepulcro "quando ainda estava escuro", vieram no primeiro dia da semana. Esta é uma evidência direta de que o primeiro dia da semana inclui pelo menos uma parte da noite que segue o sábado. A nota do Dr. Clarke sobre Mateus 28:1 contém as seguintes palavras: [No final do sábado] Opse de sabbaton. Depois do final da semana – essa é a tradução dada por vários eminentes críticos, e desta forma a palavra opse é usada por eminentes escritores gregos. Mateus, portanto, afirma que as mulheres vieram ao sepulcro depois do sábado, cedo, no primeiro dia da semana.



A criação do sol, no início do quarto dia é presumida para provar que o dia deve começar com o nascer do sol, ou como outros supõem, ao meio-dia.



Citamos as palavras de Moisés em Gênesis 1:14-18. "E disse Deus: Haja luminares no firmamento do céu, para separar o dia da noite; sejam eles para sinais, e para estações, e para dias e anos, e que sejam para luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra, e assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, eo menor de luz para governar a noite: ele fez também as estrelas. E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.”



Aqueles que argumentam assim, afirmam que na criação, o sol deveria estar justamente nascendo, ou como dizem outros, deveria ser primeiramente visto no meio do céu. Mas esse tipo de raciocínio é falacioso. No momento em que o sol apareceu pela primeira vez nos céus, no ponto mais ao leste em que ele poderia ser visto, ele apareceria justamente no ato do seu ocaso. Num ponto mais a oeste, o sol apareceria no meio do Céu, enquanto que no extremo oeste em que pudesse ser visto, ele estaria apenas se elevando acima do horizonte. Portanto, não é irrazoável concluir que naquele lugar no Oriente (talvez o Jardim do Éden), onde o dia começa o circuito do globo, o sol, por ocasião da sua criação, estava no seu ocaso (pôr-do-sol). Isso nos dá uma visão harmoniosa da obra do Criador. Começava a cada dia com a noite, e como desse modo começou no quarto dia, o sol quando primeiramente visto, estava se pondo. E, continuando seu curso em direção ao oeste, levou consigo o pôr-do-sol em volta do globo. E esta visão de que o dia começa no Oriente e viaja ao redor do mundo é de grande importância. Ela tira a objeção de que não podemos guardar o sábado a menos que vivamos na Palestina, pois guardamos o dia como ele chega até nós, e como o sábado faz o circuito do globo, toda a família humana tem o privilégio de observar o dia de descanso do Criador.



Acreditamos que o testemunho das Escrituras dá provas suficientes para estabelecer o fato de que o dia começa com o pôr-do-sol. A próxima inquirição, portanto, apropriadamente se relaciona com o começo da noite. Qual é o testemunho da Bíblia sobre isso? Moisés define assim o início da noite, em Deuteronômio 16:6. “Mas no lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali fazer habitar o Seu nome; ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao pôr-do-sol, ao tempo determinado da tua saída do Egito.” Esse texto parece assentar a questão de que a noite é ao pôr-do-sol. Mas Êxodo 12:6 poderia ser alegado como uma modificação do texto citado: "E o guardareis até o décimo-quarto dia deste mês; e toda a assembleia da congregação de Israel o matará à tardinha.” Na nota de rodapé está escrito “entre as duas tardes”. Essa nota remete ao hebraico literal, e é portanto digna de respeito. É dito que “entre as duas tardes” significa às 3 da tarde. Se isso está correto, mostra que o pôr-do-sol, em Deuteronômio 16:6, é uma expressão indefinida. Mas Gascnius, em seu Léxico Hebraico, diz que entre as duas noites, de acordo a opinião melhor aceita, era o intervalo entre o pôr-do-sol e a noite. Se Isso está correto - e certamente não há uma mais alta autoridade não inspirada como Gescnius-remove a aparente contradição entre Êx. 12 e Dt. 16, e mostra que ambos concordam sobre o pôr-do-sol. Greenfield, em seu Léxico do Novo Testamento, diz que as duas terdes eram contadas pelos hebreus de duas formas: a primeira, desde a hora nona (3horas da tarde) até o pôr-do-sol; a segunda, do pôr-do-sol até a escuridão. O Léxico do Novo Testamento de Rotinson diz o mesmo. Isso concordaria muito próximo com o que diz Gescnius.



A seguir, introduzimos Levítico 22:6, 7: "O homem que tocar em tais coisas será imundo até a tarde, e não comerá das coisas sagradas, mas banhará o seu corpo em água e, posto o sol, então será limpo; depois comerá das coisas sagradas, porque isso é o seu pão.” Este texto parece não necessitar de comentários. Tarde parece ser claramente definido como “ao pôr- do -sol”. A pessoa que estava imunda até à tarde, ficava limpa ao pôr-do-sol. Veja também Deut. 23:11 e 24:13 e 15. O texto a seguir parece ensinar a mesma coisa:



Josué 8:29: "Ao rei de Ai enforcou num madeiro, deixando-o ali até a tarde. Ao pôr-do-sol, por ordem de Josué, tiraram do madeiro o cadáver, lançaram-no à porta da cidade e levantaram sobre ele um grande montão de pedras, que permanece até o dia de hoje.” Josué 10:26-27, define tarde da mesma maneira: “Depois disto Josué os feriu, e os matou, e os pendurou em cinco madeiros, onde ficaram pendurados até a tarde. Ao pôr do sol, por ordem de Josué, tiraram-nos dos madeiros, lançaram-nos na caverna em que se haviam escondido, e puseram à boca da mesma grandes pedras, que ainda ali estão até o dia de hoje.” Veja também Juízes 14:18, 2 Sam. 3:35. Tarde também é definida em 2 Crônicas 18:34. "E a peleja tornou-se renhida naquele dia; contudo o rei de Israel foi sustentado no carro contra os sírios até à tarde; porém ao pôr-do-sol morreu.”



O Novo Testamento define noite como pôr-do-sol em dois lugares. Três dos evangelistas mencionam o mesmo fato; dois deles afirmaram que o fato ocorreu à tarde, e dois dizem que o fato ocorreu ao pôr-do-sol. Mateus 8:16 diz: “Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e Ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos.” Em Marcos 1:32 diz: “E tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados.” Lucas 4:40: E, ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e pondo as mãos sobre cada em deles, os curava.” A partir de Marcos 1 verifica-se que esse evento ocorreu no pôr-do-sol que se seguiu ao sábado, consequentemente , é clara a razão por que esperaram até o pôr-do-sol para trazerem os doentes: eles esperaram o encerramento do sábado.



A seguinte passagem é considerada para provar que o dia, em algumas estações do ano, não iniciava até após o pôr-do-sol. Neemias 13:19, diz: “E sucedeu que, ao começar a fazer-se escuro nas portas de Jerusalém, antes do sábado, eu ordenei que elas fossem fechadas, e mandei que não as abrissem até passar o sábado e pus às portas alguns de meus moços, para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado.” Talvez alguma dúvida surja por uma leitura desatenta do texto. Ele não diz “quando começou a escurecer em Jerusalém”, mas diz “dando as portas de Jerusalém já sombra antes do sábado” (NT: Almeida Antiga). Agora, eu penso que isso significa simplesmente que, aproximando-se o pôr-do-sol, os portões do lado oeste começavam a fazer sombra e, naquele momento, eles deveriam ser fechados para que tudo estivesse quieto quando o sábado começasse. Esse ponto de vista parece-me razoável e harmoniza o texto com todos os outros testemunhos apresentados.



A parábola de Mateus 20:1-12 tem sido apresentada para provar que o dia começa às 18 horas. “Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha. Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça, e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo. Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo? Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse- lhes ele: Ide também vós para a vinha. Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros. Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um. Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo: Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.”



Os argumentos tirados desse texto são os seguintes: há doze horas no dia; a terceira hora é às nove horas; a hora sexta é ao meio-dia; a hora nona é às três horas, a décima-primeira hora é às 17 horas, e dessa hora em diante, até à noite, havia apenas uma hora. Assim, concluem, que a tarde era às 18 horas. Os defeitos no argumento exposto são estes:



1. As horas do Novo Testamento não são as mesmas que as nossas horas. Para nós, uma hora são 60 minutos, e nunca é mais nem menos. Mas, no Novo Testamento, a hora é a décima-segunda parte do espaço de tempo entre o nascer e o pôr-do-sol. Consequentemente, as horas eram mais longas ou mais curtas, de acordo com a estação do ano. É verdade que como a hora sexta se dava no meio do dia, ela vinha sempre às 12 horas (meio-dia); mas a décima-segunda hora, ou a tarde, vinha sempre ao pôr- do- sol.



2. A divisão do dia em horas não foi um desígnio divino, mas originou-se com os pagãos!!!



O mesmo argumento foi elaborado a partir de João 11:9: "Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo”. Diz-se que, se há 12 horas no dia, então a sexta hora do dia é ao meio-dia, e se há seis horas antes e seis horas depois do meio-dia, segue-se que o dia de doze horas começa às seis da manhã e termina às seis da tarde, e que um dia de 24 horas teria, é claro, que começar e terminar às seis da tarde.

Esse argumento seria conclusivo se as premissas fossem corretas. O mesmo defeito existe neste argumento como no encontrado em Mateus 20, em que as horas não eram de 60 minutos como as nossas, mas era a décima-segunda parte do tempo transcorrido entre o nascer e o pôr-do-sol. Daí decorre que as horas estavam constantemente variando em extensão, mas a noite se dava invariavelmente ao pôr- do- sol. Consequentemente Mateus 20:1-12, e João 11:9 não entram em conflito com o testemunho apresentado de que o dia começa ao pôr-do-sol. Seria de se esperar que nós pudéssemos provar o argumento de que as horas eram a décima-segunda parte do espaço de tempo entre o nascer eo pôr-do-sol. Isso nós o faremos agora.



Os judeus contavam 12 horas no dia e, é claro, cada hora do dia, assim contada, deveria ser alguma coisa mais longa ou mais curta, de acordo com as diferentes épocas do ano, naquela região. (Notas de Clarke sobre João 1:39). Os judeus, assim como muitas outras nações, dividiam o dia do nascer do sol ao pôr-do-sol em 12 partes iguais; mas essas partes de horas eram mais longas ou mais curtas, de acordo com a estação do ano. (Notas de Clarke sobre João 11:9). Os judeus (por uma contagem adotada dos gregos) dividiam seu dia - ou o espaço de tempo do nascer do sol até o pôr-do-sol –em 12 horas, é claro, variando um pouco de acordo com a estação do ano. (Notas de Bloomfleld sobre João 11:9). Nos livros do Novo Testamento vemos claramente o dia sendo dividido em 12 horas, da mesma maneira que faziam os Gregos e Romanos. Essas horas eram iguais umas às outras, mas desiguais com relação às diferentes estações. As 12 horas dos mais longos dias do verão eram muito mais longas do que as mais curtas horas do inverno.



“Os escritores sagrados geralmente dividem o dia e a noite em doze horas desiguais. A hora sexta é sempre ao meio-dia durante todo o ano, e a décima-segunda hora é a última hora do dia. Mas no verão, a décima-segunda hora, assim como todas as outras, era mais longa do que no inverno.” (Enciclopédia do Conhecimento Religioso).



“O dia era dividido em 12 horas, as quais, é claro, variavam em extensão, sendo mais curtas no inverno e mais longas no verão.” (Dicionário Bíblico e Teológico de Watson).



“Os judeus dividiam o espaço de tempo do nascimento do sol até o pôr-do-sol, sendo os dias mais longos ou mais curtos, em 12 partes, assim o número de horas dos seus dias durante todo o ano eram as mesmas, apesar de serem mais curtas no inverno do que no verão.” (Nota de Cottage Bible sobre João 11:9).



Os judeus contavam os seus dias de pôr-do-sol a pôr-do-sol, de acordo com a ordem que é mencionada no primeiro capítulo de Gênesis, por conta do trabalho da criação. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro. Seu sábado, ou sétimo dia, começou no pôr-do-sol do dia que chamamos sexta-feira, e durou até o mesmo horário no dia seguinte. Quando nosso Salvador estava em Cafarnaum, pensava-se ser errado trazer os doentes para serem curados enquanto ainda era sábado, "E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados. E toda a cidade se ajuntou à porta.” Marcos 1:32-33. O tempo entre o nascer e o pôr-do-sol foi dividido em 12 partes iguais, o qual era chamado horas. João 11:9. Esse período de tempo, no entanto, é mais longo em uma época do ano do que em outra. Fica claro que as horas seriam também diferentes em extensão em diferentes tempos. No inverno elas eram, é claro, mais curtas do que no verão; eram numeradas a partir do nascer do sol; e não do meio do dia, como é comum conosco. As horas somente foram mencionadas após o cativeiro. É razoável, portanto, acreditar que os judeus tomaram emprestada dos caldeus a maneira de dividir o tempo, de quem também foi passada para os gregos e romanos.” (Antiguidades Bíblicas de Kevin, pp. 171, 172).



A palavra horas, na Escritura, significa uma das 12 partes iguais em que cada dia era dividido e que, claro, eram de tamanhos diferentes em diferentes épocas de ano. Este modo de dividir o dia prevaleceu entre os judeus, pelo menos, até o fim do exílio em Babilônia, e talvez antes. (Dicionário Bíblico de Covel).



“No Novo Testamento, uma hora era uma das doze partes em que o dia natural e também a noite eram divididos, os quais eram, de fato, de diferentes extensões em diferentes épocas do ano. (As horas) foram provavelmente introduzidas pelos astrônomos e usada primeiramente por Hipparchus, por volta do ano 140 AC.” (Léxico do Novo Testamento de Robinson).



Esses testemunhos são amplamente suficientes para estabelecer o fato de que as horas do Novo Testamento não correspondem com as horas medidas pelo relógio. E que eles eram a décima- segunda parte do espaço de tempo entre o nascer e o pôr- do- sol. Daí nenhum argumento pode ser tirado de Mateus 20:1-12 e João 11:9 que não esteja em perfeita concordância com o testemunho já apresentado de que a tarde – que é quando o dia começa – é ao pôr-do-sol.



A consideração mais importante é esta: se o sábado começa às seis horas, ninguém pode dizer quando essa hora chega, a menos que tenha um relógio. Ora, os relógios somente foram inventados por volta de 1658. (Veja Putnam'sHandbookofUsefulArts). Assim o povo de Deus, por cerca de 6.000 anos, esteve sem meios de dizer quando o sábado começava. Mastal conclusão seria um absurdo manifesto. E já vimos que não há um único testemunho da Sagrada Escritura que conduza às seis horas para o horário do pôr-do-sol. Concluímos este artigo resumindo os seguintes argumentos:



1. Não há argumento nas escrituras que suporte o horário das seis horas como sendo o horário que começa a tarde.



2. Se esse fosse o horário certo, o povo de Deus, por cerca de 5.600 anos esteve incapacitado de saber quando o sábado começava.



3. A Bíblia, por várias e claras afirmações, estabelece o fato de que tarde é ao pôr-do-sol.

Review and Herald, em 04/12/1855

(Traduzido por Marilda Scotti Luciano Barcellos)
Leia também: HORÁRIO DO INÍCIO DO SÁBADO com James White (Tiago White)

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