HORÁRIO PARA O INÍCIO DO SÁBADO
J. N. Andrews
Artigo publicado na Review and Herald, em 04/12/1855,
em Battle Creek
Para
determinar essa questão, é evidente que muito peso deve ser atrelado à maneira
na qual o criador regulou o começo do dia na criação. Pelo mesmo tempo no qual
o primeiro dia começou, também deve ele terminar, e onde o primeiro dia começou
e acabou, deve ser assim também com o segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto
e sétimo dia. E onde os dias da primeira semana começaram e terminaram, assim
também os dias de todas as semanas subsequentes começam e terminam. Dessa
forma, a importância de se determinar, o mais perto possível, o tempo no qual o
dia começou na semana da criação.
Como
devemos entender a palavra “dia” no primeiro capítulo de Gênesis? Eu respondo
que ela é usada com dois significados. Primeiro, é usada por Deus para dar nome
à luz, em distinção das trevas, que foi chamada noite. Em outras palavras, ela
é aplicada à parte de 24 horas que é luz. Segundo, é usada para nomear a sétima
parte da semana, ou o período inteiro de 24 horas. O verso 5 de Gênesis
apresenta exemplos onde ela é usada em cada um desses sentidos. “E Deus chamou
à luz dia e às trevas Ele chamou noite: e a tarde e a manhã o primeiro dia”. É
com a segunda definição no uso da palavra dia que estamos agora interessados.
Mas aqui alguns irão se opor a nós negando que a palavra dia seja usada para
designar um período de 24 horas, ou, em outras palavras, que a noite está sempre
nas Escrituras incluída no dia. É apropriado que esse ponto seja brevemente
observado. É dito em Êxodo 20:11 que “em seis dias fez o Senhor o céu e a
terra”. Isso estabelece o fato de que os seis dias começam com o ato da
criação, ou, para usar uma expressão diferente, o primeiro dia da semana
começou com o ato de Deus em formar o Céu e a terra. Havia profunda escuridão
até depois que o Espírito de Deus se moveu sobre as águas. O próximo ato do
Senhor foi a criação da luz. Então, tendo dividido a luz das trevas, Ele
designou a luz como dia e as trevas como noite. Isso demonstra que a noite foi
a primeira divisão do primeiro dia e, consequentemente, se a ordem divina fosse
seguida, a primeira divisão de todos os dias seguintes.
Para
que a força desse argumento apareça, apresentamos os primeiros cinco versos de
Gênesis:
“No
princípio criou Deus os Céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e
havia trevas sob a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre as
águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez
Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas
chamou Noite. E foi a tarde a manhã o dia primeiro.”
O Dr. Olarke, em sua nota sobre Mateus 28:1, afirma
que, em hebraico, a mesma palavra significa tanto tarde como noite.
Ele cita Gênesis 1:5 como um exemplo para o seu uso nessa forma. Assim, parece
que a expressão “E foi a tarde e a manhã o dia primeiro” é o mesmo como se
dissesse “a noite e a manhã o dia primeiro”. Isso é um fato muito importante,
pois prova claramente que a noite é computada, não apenas como uma parte do dia
de 24 horas, mas como uma forma da sua divisão. Lembremo-nos que a palavra aqui
usada para dia significa um dos sete períodos que perfazem a semana. É digno de
nota que cada um dos dias sobre os quais Deus trabalhou na criação é
representado como constituído da mesma grande divisão como a do primeiro dia.
No verso 8 temos: “E chamou Deus à expansão Céus. E
foi a tarde e a manhã o dia segundo.”
No verso 13 temos: “E foi a tarde e a manhã, o dia
terceiro.”
No verso 19 temos: “E foi a tarde e a manhã, o dia
quarto.”
No verso 23: “E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.”
No verso 31: “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a
tarde e a manhã, o dia sexto.”
Também deve ser notado que mesmo os 2300 dias são
assim constituídos. Eles são 2300 dias literais, simbolizados em 2300
anos. A nota de rodapé, a qual dá a palavra hebraica original, chama cada um
desses dias “noite manhã”.
A
lei de Moisés é um testemunho direto sobre um ponto que está diante de nós. Ou
em vez disso, poderia se dizer para determinar de uma forma autoritária, o fato
de que a noite é uma parte do dia, e que o dia começa com a
noite.Leviticos23:32. “Sábado de descanso vos será, e afligireis as vossas
almas; desde a tardinha do dia nono do mês até a outra tarde, guardareis o
vosso sábado.” Este texto define o décimo dia do sétimo mês, e assim fazendo,
também define os outros dias do mês, e como consequência, todos os outros
meses. O texto nos diz que o dia décimo começa com a noite, no fechamento do
nono dia, e ele (o décimo dia) se estende até o próximo pôr-do-sol. Ninguém pode
anular este testemunho. De acordo com esse fato, lemos que os judeus, na
tarde do dia da preparação, quiseram que fossem quebradas as pernas dos que
estavam crucificados, a fim de que eles não permanecessem sobre a cruz no
sábado. João 19:31. E também que quando Jesus foi tirado da cruz, no tarde
daquele dia, “o sábado se aproximava”. Lucas 23:54. Diz-se também em
João 19:41 e 42: “ No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse
jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto. Ali, pois, por
ser a véspera do sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram
a Jesus.” A ideia é, evidentemente, que eles enterraram nosso Senhor num
sepulcro que estava ao alcance da mão, a fim de que pudessem terminar
Seu sepultamento no dia da preparação e antes do início do sábado.
Além do exposto, não deve ser impróprio apresentar
vários exemplos em que a noite é contada como uma parte do dia, ou como
incluída no dia. Chamamos a atenção para o seguinte: 1 Samuel 26:7, 8. “Foram,
pois, Davi e Abisai de noite ao povo; e eis que Saul estava deitado, dormindo
dentro do acampamento, e a sua lança estava pregada na terra à sua cabeceira; e
Abner e o povo estavam deitados ao redor dele. Então disse Abisai a Davi: Deus
te entregou hoje nas mãos o teu inimigo; deixa-me, pois, agora encravá-lo na
terra, com a lança, de um só golpe; não o ferirei segunda vez.” Aqui a noite é
certamente incluída no dia. O mesmo fato irá aparecer em Êxodo 12:41 e42.
"E aconteceu que, ao fim de quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia,
todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito. Esta é uma noite que se
deve guardar ao Senhor, porque os tirou da terra do Egito; esta é a noite do
Senhor, que deve ser guardada por todos os filhos de Israel através das suas
gerações.” Apresentamos também as palavras do anjo, endereçadas aos pastores de
Belém, em Lucas 2:8-11: “Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam
no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho. E um anjo do
Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se
encheram de grande temor. O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos
trago novas de grande alegria que o será para todo o povo: É que vos nasceu
hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Nessas palavras o
anjo certamente reconhece a noite como parte do dia. Por fim, apresentamos as
palavras do Senhor Jesus, em Marcos 14:30. "Replicou-lhe Jesus: Em verdade
te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu
me negarás.” Também em Lucas 22:34: "Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que
não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.”
Com essas palavras de nosso Senhor, o argumento de que os dias da semana
começam com a noite e que neles estão incluídas as 24 horas, pode agora ser
apropriadamente encerrado. Permanece ainda a ser observadas uma ou duas
objeções para as quais já têm sido apresentadas provas.
Tem
sido contestado que o dia, de acordo com Mateus 28:1, começa ao amanhecer. Ele
diz o seguinte: “No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da
semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.” Mas uma
inferência extraída deste texto não pode ser suficiente para destruir o
testemunho direto já apresentado - que o dia começa com a noite. Mas
voltando-se para João 20:1, veremos que essa inferência é inadmissível: “No
primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda
escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.” Esse texto declara
plenamente que aqueles que foram ao sepulcro "quando ainda estava
escuro", vieram no primeiro dia da semana. Esta é uma evidência direta de
que o primeiro dia da semana inclui pelo menos uma parte da noite que segue o
sábado. A nota do Dr. Clarke sobre Mateus 28:1 contém as seguintes palavras: [No
final do sábado] Opse de sabbaton. Depois do final da semana – essa
é a tradução dada por vários eminentes críticos, e desta forma a palavra opse
é usada por eminentes escritores gregos. Mateus, portanto, afirma que as
mulheres vieram ao sepulcro depois do sábado, cedo, no primeiro dia da semana.
A criação do sol, no início do quarto dia é presumida
para provar que o dia deve começar com o nascer do sol, ou como outros supõem,
ao meio-dia.
Citamos as palavras de Moisés em Gênesis 1:14-18.
"E disse Deus: Haja luminares no firmamento do céu, para separar o dia da
noite; sejam eles para sinais, e para estações, e para dias e anos, e que sejam
para luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra, e assim foi. E fez
Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, eo menor
de luz para governar a noite: ele fez também as estrelas. E Deus os pôs no
firmamento do céu para alumiar a terra, para governar o dia e a noite, e para
fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.”
Aqueles
que argumentam assim, afirmam que na criação, o sol deveria estar justamente
nascendo, ou como dizem outros, deveria ser primeiramente visto no meio do céu.
Mas esse tipo de raciocínio é falacioso. No momento em que o sol apareceu pela
primeira vez nos céus, no ponto mais ao leste em que ele poderia ser visto, ele
apareceria justamente no ato do seu ocaso. Num ponto mais a oeste, o sol
apareceria no meio do Céu, enquanto que no extremo oeste em que pudesse ser
visto, ele estaria apenas se elevando acima do horizonte. Portanto, não é
irrazoável concluir que naquele lugar no Oriente (talvez o Jardim do Éden),
onde o dia começa o circuito do globo, o sol, por ocasião da sua criação,
estava no seu ocaso (pôr-do-sol). Isso nos dá uma visão harmoniosa da obra do
Criador. Começava a cada dia com a noite, e como desse modo começou no quarto
dia, o sol quando primeiramente visto, estava se pondo. E, continuando seu
curso em direção ao oeste, levou consigo o pôr-do-sol em volta do globo. E esta
visão de que o dia começa no Oriente e viaja ao redor do mundo é de grande importância.
Ela tira a objeção de que não podemos guardar o sábado a menos que vivamos na
Palestina, pois guardamos o dia como ele chega até nós, e como o sábado faz o
circuito do globo, toda a família humana tem o privilégio de observar o dia de
descanso do Criador.
Acreditamos que o testemunho das Escrituras dá provas
suficientes para estabelecer o fato de que o dia começa com o pôr-do-sol. A
próxima inquirição, portanto, apropriadamente se relaciona com o começo da
noite. Qual é o testemunho da Bíblia sobre isso? Moisés define assim o início
da noite, em Deuteronômio 16:6. “Mas no lugar que o Senhor teu Deus escolher
para ali fazer habitar o Seu nome; ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao
pôr-do-sol, ao tempo determinado da tua saída do Egito.” Esse texto parece
assentar a questão de que a noite é ao pôr-do-sol. Mas Êxodo 12:6 poderia ser
alegado como uma modificação do texto citado: "E o guardareis até o
décimo-quarto dia deste mês; e toda a assembleia da congregação de Israel o
matará à tardinha.” Na nota de rodapé está escrito “entre as duas tardes”. Essa
nota remete ao hebraico literal, e é portanto digna de respeito. É dito que
“entre as duas tardes” significa às 3 da tarde. Se isso está correto, mostra
que o pôr-do-sol, em Deuteronômio 16:6, é uma expressão indefinida. Mas
Gascnius, em seu Léxico Hebraico, diz que entre as duas noites, de acordo a
opinião melhor aceita, era o intervalo entre o pôr-do-sol e a noite. Se Isso
está correto - e certamente não há uma mais alta autoridade não inspirada como
Gescnius-remove a aparente contradição entre Êx. 12 e Dt. 16, e mostra que
ambos concordam sobre o pôr-do-sol. Greenfield, em seu Léxico do Novo
Testamento, diz que as duas terdes eram contadas pelos hebreus de duas formas:
a primeira, desde a hora nona (3horas da tarde) até o pôr-do-sol; a segunda, do
pôr-do-sol até a escuridão. O Léxico do Novo Testamento de Rotinson diz o
mesmo. Isso concordaria muito próximo com o que diz Gescnius.
A seguir, introduzimos Levítico 22:6, 7: "O homem
que tocar em tais coisas será imundo até a tarde, e não comerá das coisas
sagradas, mas banhará o seu corpo em água e, posto o sol, então será limpo;
depois comerá das coisas sagradas, porque isso é o seu pão.” Este texto parece
não necessitar de comentários. Tarde parece ser claramente definido como “ao
pôr- do -sol”. A pessoa que estava imunda até à tarde, ficava limpa ao
pôr-do-sol. Veja também Deut. 23:11 e 24:13 e 15. O texto a seguir parece
ensinar a mesma coisa:
Josué
8:29: "Ao rei de Ai enforcou num madeiro, deixando-o ali até a tarde. Ao
pôr-do-sol, por ordem de Josué, tiraram do madeiro o cadáver, lançaram-no à
porta da cidade e levantaram sobre ele um grande montão de pedras, que
permanece até o dia de hoje.” Josué 10:26-27, define tarde da mesma maneira:
“Depois disto Josué os feriu, e os matou, e os pendurou em cinco madeiros, onde
ficaram pendurados até a tarde. Ao pôr do sol, por ordem de Josué, tiraram-nos
dos madeiros, lançaram-nos na caverna em que se haviam escondido, e puseram à
boca da mesma grandes pedras, que ainda ali estão até o dia de hoje.” Veja
também Juízes 14:18, 2 Sam. 3:35. Tarde também é definida em 2 Crônicas 18:34.
"E a peleja tornou-se renhida naquele dia; contudo o rei de Israel foi
sustentado no carro contra os sírios até à tarde; porém ao pôr-do-sol morreu.”
O Novo Testamento define noite como pôr-do-sol em dois
lugares. Três dos evangelistas mencionam o mesmo fato; dois deles afirmaram que
o fato ocorreu à tarde, e dois dizem que o fato ocorreu ao pôr-do-sol. Mateus
8:16 diz: “Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e Ele com a sua
palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos.” Em Marcos 1:32 diz:
“E tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos
os que se achavam enfermos, e os endemoninhados.” Lucas 4:40: E, ao pôr-do-sol,
todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e pondo as mãos
sobre cada em deles, os curava.” A partir de Marcos 1 verifica-se que esse
evento ocorreu no pôr-do-sol que se seguiu ao sábado, consequentemente , é
clara a razão por que esperaram até o pôr-do-sol para trazerem os doentes: eles
esperaram o encerramento do sábado.
A seguinte passagem é considerada para provar que o
dia, em algumas estações do ano, não iniciava até após o pôr-do-sol. Neemias
13:19, diz: “E sucedeu que, ao começar a fazer-se escuro nas portas de
Jerusalém, antes do sábado, eu ordenei que elas fossem fechadas, e mandei que
não as abrissem até passar o sábado e pus às portas alguns de meus moços, para
que nenhuma carga entrasse no dia de sábado.” Talvez alguma dúvida surja por
uma leitura desatenta do texto. Ele não diz “quando começou a escurecer em
Jerusalém”, mas diz “dando as portas de Jerusalém já sombra antes do sábado”
(NT: Almeida Antiga). Agora, eu penso que isso significa simplesmente que, aproximando-se
o pôr-do-sol, os portões do lado oeste começavam a fazer sombra e, naquele
momento, eles deveriam ser fechados para que tudo estivesse quieto quando o
sábado começasse. Esse ponto de vista parece-me razoável e harmoniza o texto
com todos os outros testemunhos apresentados.
A
parábola de Mateus 20:1-12 tem sido apresentada para provar que o dia começa às
18 horas. “Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que
saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com os
trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.
Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça, e
disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles
foram. Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e
perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo? Responderam-lhe eles:
Porque ninguém nos contratou. Disse- lhes ele: Ide também vós para a vinha. Ao
anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e
paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros. Chegando, pois,
os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um. Vindo,
então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo
receberam um denário cada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário,
dizendo: Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que
suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.”
Os argumentos tirados desse texto são os seguintes: há
doze horas no dia; a terceira hora é às nove horas; a hora sexta é ao meio-dia;
a hora nona é às três horas, a décima-primeira hora é às 17 horas, e dessa hora
em diante, até à noite, havia apenas uma hora. Assim, concluem, que a tarde era
às 18 horas. Os defeitos no argumento exposto são estes:
1. As horas do Novo Testamento não são as mesmas que
as nossas horas. Para nós, uma hora são 60 minutos, e nunca é mais nem menos.
Mas, no Novo Testamento, a hora é a décima-segunda parte do espaço de tempo
entre o nascer e o pôr-do-sol. Consequentemente, as horas eram mais longas ou
mais curtas, de acordo com a estação do ano. É verdade que como a hora sexta se
dava no meio do dia, ela vinha sempre às 12 horas (meio-dia); mas a
décima-segunda hora, ou a tarde, vinha sempre ao pôr- do- sol.
2. A divisão do dia em horas não foi um desígnio
divino, mas originou-se com os pagãos!!!
O mesmo argumento foi elaborado a partir de João 11:9:
"Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia,
não tropeça, porque vê a luz deste mundo”. Diz-se que, se há 12 horas no dia,
então a sexta hora do dia é ao meio-dia, e se há seis horas antes e seis horas
depois do meio-dia, segue-se que o dia de doze horas começa às seis da manhã e
termina às seis da tarde, e que um dia de 24 horas teria, é claro, que começar
e terminar às seis da tarde.
Esse argumento seria conclusivo se as premissas fossem
corretas. O mesmo defeito existe neste argumento como no encontrado em Mateus
20, em que as horas não eram de 60 minutos como as nossas, mas era a
décima-segunda parte do tempo transcorrido entre o nascer e o pôr-do-sol. Daí
decorre que as horas estavam constantemente variando em extensão, mas a noite
se dava invariavelmente ao pôr- do- sol. Consequentemente Mateus 20:1-12, e
João 11:9 não entram em conflito com o testemunho apresentado de que o dia
começa ao pôr-do-sol. Seria de se esperar que nós pudéssemos provar o argumento
de que as horas eram a décima-segunda parte do espaço de tempo entre o nascer
eo pôr-do-sol. Isso nós o faremos agora.
Os judeus contavam 12 horas no dia e, é claro, cada
hora do dia, assim contada, deveria ser alguma coisa mais longa ou mais curta,
de acordo com as diferentes épocas do ano, naquela região. (Notas de Clarke
sobre João 1:39). Os judeus, assim como muitas outras nações, dividiam o dia do
nascer do sol ao pôr-do-sol em 12 partes iguais; mas essas partes de
horas eram mais longas ou mais curtas, de acordo com a estação do ano. (Notas
de Clarke sobre João 11:9). Os judeus (por uma contagem adotada dos gregos)
dividiam seu dia - ou o espaço de tempo do nascer do sol até o pôr-do-sol –em
12 horas, é claro, variando um pouco de acordo com a estação do ano. (Notas de Bloomfleld
sobre João 11:9). Nos livros do Novo Testamento vemos claramente o dia sendo
dividido em 12 horas, da mesma maneira que faziam os Gregos e Romanos. Essas
horas eram iguais umas às outras, mas desiguais com relação às diferentes
estações. As 12 horas dos mais longos dias do verão eram muito mais longas do
que as mais curtas horas do inverno.
“Os escritores sagrados geralmente dividem o dia e a
noite em doze horas desiguais. A hora sexta é sempre ao meio-dia durante todo o
ano, e a décima-segunda hora é a última hora do dia. Mas no verão, a
décima-segunda hora, assim como todas as outras, era mais longa do que no
inverno.” (Enciclopédia do Conhecimento Religioso).
“O dia era dividido em 12 horas, as quais, é claro,
variavam em extensão, sendo mais curtas no inverno e mais longas no verão.”
(Dicionário Bíblico e Teológico de Watson).
“Os judeus dividiam o espaço de tempo do nascimento do
sol até o pôr-do-sol, sendo os dias mais longos ou mais curtos, em 12 partes,
assim o número de horas dos seus dias durante todo o ano eram as mesmas, apesar
de serem mais curtas no inverno do que no verão.” (Nota de Cottage Bible sobre
João 11:9).
Os
judeus contavam os seus dias de pôr-do-sol a pôr-do-sol, de acordo com a ordem
que é mencionada no primeiro capítulo de Gênesis, por conta do trabalho da
criação. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro. Seu sábado, ou sétimo dia,
começou no pôr-do-sol do dia que chamamos sexta-feira, e durou até o mesmo
horário no dia seguinte. Quando nosso Salvador estava em Cafarnaum, pensava-se
ser errado trazer os doentes para serem curados enquanto ainda era sábado,
"E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol,
trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados. E toda a
cidade se ajuntou à porta.” Marcos 1:32-33. O tempo entre o nascer e o
pôr-do-sol foi dividido em 12 partes iguais, o qual era chamado horas. João
11:9. Esse período de tempo, no entanto, é mais longo em uma época do ano do
que em outra. Fica claro que as horas seriam também diferentes em extensão em
diferentes tempos. No inverno elas eram, é claro, mais curtas do que no verão;
eram numeradas a partir do nascer do sol; e não do meio do dia, como é comum
conosco. As horas somente foram mencionadas após o cativeiro. É razoável,
portanto, acreditar que os judeus tomaram emprestada dos caldeus a maneira de
dividir o tempo, de quem também foi passada para os gregos e romanos.”
(Antiguidades Bíblicas de Kevin, pp. 171, 172).
A palavra horas, na Escritura, significa uma das 12
partes iguais em que cada dia era dividido e que, claro, eram de tamanhos
diferentes em diferentes épocas de ano. Este modo de dividir o dia prevaleceu entre
os judeus, pelo menos, até o fim do exílio em Babilônia, e talvez antes.
(Dicionário Bíblico de Covel).
“No Novo Testamento, uma hora era uma das doze partes
em que o dia natural e também a noite eram divididos, os quais eram, de fato,
de diferentes extensões em diferentes épocas do ano. (As horas) foram
provavelmente introduzidas pelos astrônomos e usada primeiramente por Hipparchus,
por volta do ano 140 AC.” (Léxico do Novo Testamento de Robinson).
Esses testemunhos são amplamente suficientes para
estabelecer o fato de que as horas do Novo Testamento não correspondem com as
horas medidas pelo relógio. E que eles eram a décima- segunda parte do espaço
de tempo entre o nascer e o pôr- do- sol. Daí nenhum argumento pode ser tirado
de Mateus 20:1-12 e João 11:9 que não esteja em perfeita concordância com o
testemunho já apresentado de que a tarde – que é quando o dia começa – é ao
pôr-do-sol.
A consideração mais importante é esta: se o sábado
começa às seis horas, ninguém pode dizer quando essa hora chega, a menos que
tenha um relógio. Ora, os relógios somente foram inventados por volta de 1658.
(Veja Putnam'sHandbookofUsefulArts). Assim o povo de Deus, por cerca de
6.000 anos, esteve sem meios de dizer quando o sábado começava. Mastal
conclusão seria um absurdo manifesto. E já vimos que não há um único testemunho
da Sagrada Escritura que conduza às seis horas para o horário do pôr-do-sol.
Concluímos este artigo resumindo os seguintes argumentos:
1.
Não há argumento nas escrituras que suporte o horário das seis horas como sendo
o horário que começa a tarde.
2.
Se esse fosse o horário certo, o povo de Deus, por cerca de 5.600 anos esteve
incapacitado de saber quando o sábado começava.
3. A
Bíblia, por várias e claras afirmações, estabelece o fato de que tarde é
ao pôr-do-sol.
Review and Herald, em 04/12/1855
(Traduzido
por Marilda Scotti Luciano Barcellos)
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